18 de julho de 2010

Introspect (parte 2)

   Ainda que me vista com as mantas leves de cor azul celeste e viva boa parte do tempo, transparecendo bondade, firmeza e confiança, nada é capaz de ocultar minha real natureza melancólica, sórdida, marginal e obscura.
   Nessas fracassadas tentativas de me esconder de mim mesmo, acabo sempre sendo o primeiro descoberto no pique-esconde. "A brincadeira acabou", bradou uma voz estrondosa; e quem sou eu pra negar isso? Um mero aprendiz na arte de viver, cuja soberba está prestes a transformar em um ser mais intragável do que pareço ou realmente almejo. Um menino cheio de experiência, mas que não sabe sequer amarrar os sapatos, enganado pela promessa de que a vida é justa. Um doce, amargo como fel, que tenta ser, no mínimo, palatável.
   São tantas as frustrações que fica difícil até mesmo tentar só sobreviver. Tudo é grande demais... Escuro demais... A voz embargada, o grito que não sai.
   Mais uma lamúria varrida pra debaixo do tapete. Mais um dia em vão.

Um comentário:

Gabi Grzegorz disse...

Eu também sempre perco pra mim no pique-esconde. Tropeço nos meus próprios pés na amarelinha e cresci frustrada por não saber virar estrelinha. Mas tudo bem, reza a lenda que importante mesmo é aquilo que trazemos no coração, então, vou me auto enganar fingindo acreditar nisso.