7 de agosto de 2010

Suburbia - O guia das selvas (parte 1)

   O frio é desolador. O vento corta meu rosto como uma navalha ainda sem uso. Meus músculos se retesam a cada sopro congelante da madrugada. Minha jaqueta de couro pesado parece não ter forças pra combater a fúria da natureza, ou melhor, do que restou dela.
   A cada arranha-céu erguido, letreiro neon construído ou implante bioeletrônico feito em uma dessas clínicas clandestinas que se encontram a qualquer esquina, é possível ouvir o lamento da mãe terra; o sofrimento de Gaia, que chora por um mundo cujos habitantes nada fazem para mantê-la em paz.
   O futuro é distópico, cinzento e com pouquíssimas perspectivas de mudança. Nas ruas o que se vê, pelo menos em Suburbia - parte da grande zona ignorada pelo "governo" - é pura miséria, desordem e caos. A sensação de abandono é incrível e beira o inacreditável que alguém tenha conseguido sobreviver.
   Passo agora por uma rua movimentada e a cena é deprimente: Enquanto a guarda do metroplexo abusa de sua autoridade com algum inocente, 3 jovens consomem seus entorpecentes livremente; nada contra eles, já que só dopado a vida parece ter alguma graça nesses dias, só não acho justo esse tipo de tratamento dispensado aos mais miseráveis dentre os miseráveis. Palmas para o "governo" por sua eficiência.
   Enquanto aqueles que são pagos para nos proteger se divertem com o sofrimento alheio, entro na boate mais famosa da região. É chegada a hora da noite começar.

Nenhum comentário: